"Eu sonho com um poema
Cujas palavras sumarentas escorram
Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,
Um poema que te mate de amor
Antes mesmo que tu lhe saibas o misterioso sentido,
Basta provares o seu gosto"
Mario Quintana
Como prometido, aqui estar o outro poema da Viviane Mosé:
A palavra é uma roupa que a gente veste.
Uns gostam de palavras curtas.
Outros usam roupa em excesso.
Existem os que jogam palavra fora.
Pior são os que usam em desalinho.
Alguns usam palavras raras.
Poucos ostentam caras.
Tem quem nunca troca.
Tem quem usa a dos outros.
A maioria não sabe o que veste.
Alguns sabem e fingem que não.
E tem quem nunca usa a roupa certa pra ocasião.
Tem os que se ajeitam bem com poucas peças.
Outros se enrolam em um vocabulário de muitas.
Tem gente que estraga tudo que usa.
E você... com quais palavras você se despe ...
Dai que eu estava de bobeira na internet quando achei um video da Viviane Mosé recitando um dos seus poemas. Ela é Psicóloga, psicanalista, mestre e doutora em Filosofia e ainda por cima é poeta. To conhecendo a obra dela por agora e to amando. Espero que gostem!
Ps: Segue o poema e o vidéo dela declamando.
Ps²: O que ela fala no inicio do video é um texto e outro poema chamado "A Palavra" que depois vou postar por aqui...
RECEITA PARA LAVAR PALAVRA SUJA
Mergulhar a palavra suja em água sanitária.
depois de dois dias de molho, quarar ao sol do meio dia.
Algumas palavras quando alvejadas ao sol
adquirem consistência de certeza. Por exemplo a palavra vida.
Existem outras, e a palavra amor é uma delas,
que são muito encardidas pelo uso, o que recomenda esfregar e bater insistentemente na pedra, depois enxaguar em água corrente.
São poucas as que resistem a esses cuidados, mas existem aquelas.
Dizem que limão e sal tira sujeira difícil, mas nada.
Toda tentativa de lavar a piedade foi sempre em vão.
Agora nunca vi palavra tão suja como perda.
Perda e morte na medida em que são alvejadas
soltam um líquido corrosivo, que atende pelo nome de amargura,que é capaz de esvaziar o vigor da língua.
O aconselhado nesse caso é mantê-las sempre de molho
em um amaciante de boa qualidade. Agora, se o que você quer é somente aliviar as palavras do uso diário, pode usar simplesmente sabão em pó e máquina de lavar.
O perigo neste caso é misturar palavras que mancham
no contato umas com as outras.
Culpa, por exemplo, a culpa mancha tudo que encontra e deve ser sempre alvejada sozinha.
Outra mistura pouco aconselhada é amizade e desejo, já que desejo, sendo uma palavra intensa, quase agressiva, pode, o que não é inevitável, esgarçar a força delicada da palavra amizade.
Já a palavra força cai bem em qualquer mistura.
Outro cuidado importante é não lavar demais as palavras
sob o risco de perderem o sentido.
A sujeirinha cotidiana, quando não é excessiva,
produz uma oleosidade que dá vigor aos sons.
Muito importante na arte de lavar palavras
é saber reconhecer uma palavra limpa.
Conviva com a palavra durante alguns dias.
Deixe que se misture em seus gestos, que passeie
pela expressão dos seus sentidos. À noite, permita que se deite, não a seu lado mas sobre seu corpo.
Enquanto você dorme, a palavra, plantada em sua carne,
prolifera em toda sua possibilidade.
Se puder suportar essa convivência até não mais
perceber a presença dela, então você tem uma palavra limpa.
A Iânua, minha amiga loira e linda que eu tenho muita saudade, dona do blog Miscelânias me mandou essa música linda do Marcelo Camelo... Brigada Nana! Gente Vale super a pena ver o Blog dela! Passem por lá depois!
Posso até me acostumar, ah, ah, ah, ah, ah, ah
E deixar você fugir, ih, ih, ih, ih, ih
Posso até me acostumar, ah, ah, ah, ah, ah, ah
Da gente se divertir, ih, ih, ih, ih, ih
Dava tudo por amor, ô, ô, ô, ô
Eu vim de longe
Dava pra sentir você dançando só pra mim
Parece brincadeira mas eu sei que a gente faz
Um monte de besteira por saber que é bom demais
Posso até me acostumar, ah, ah, ah, ah, ah, ah
E deixar você fugir, ih, ih, ih, ih, ih
Posso até me acostumar, ah, ah, ah, ah, ah, ah
Da gente se divertir, ih, ih, ih, ih, ih
Eu vim mas trouxe o sol da tempestade lá de longe
Dava pra sentir você passando devagar
Pareceria tarde mas você foi me chamar
Morena da cidade eu posso até me acostumar
Posso até me acostumar, ah, ah, ah, ah, ah, ah
E deixar você fugir, ih, ih, ih, ih, ih
Posso até me acostumar, ah, ah, ah, ah, ah, ah
Da gente se divertir, ih, ih, ih, ih, ih
sábado, janeiro 7
Tirando as teias de aranha daqui... Em breve post novo...