"Estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra? A isso quereria chamar desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização anterior. A isso prefiro chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi - na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro..."
(...)
"...Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essaterceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar... "
(...)
"...Como é que se explica que o meu maior medo seja exatamente em relação: a ser? e no entanto não há outro caminho. Como se explica que o meu maior medo seja exatamente o de ir vivendo o que for sendo? como é que se explica que eu não tolere ver, só porque a vida não é o que eu pensava e sim outra como se antes eu tivesse sabido o que era!..."
(...)
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| "Não era uma garota com um livro, mas uma mulher com seu amante" C.L. |
Poderia colocar diversos trechos desse livro ou o livro todo. Indico para quem nunca leu que leia esse livro maravilhoso da Clarice. É dos que eu já li o que mais achei denso, tenso, estimulante e lindo. Mecheu imensamente comigo e diversas vezes tive que para a leitura por causa do choro que não conseguia conter. Eu o li em uma época da minha vida em que tudo estava ficando de cabeça para baixo, tudo estava confuso, mas era uma confusão esclarecedora. O livro me ajudou muito. Eu estava descobrindo coisas, parando de mentir para mim mesma e resolvendo ser. Apenas ser.
Ainda estou nesse processo é verdade... me perdi algumas vezes durante meu caminho, mas encontrei outras estradas e vou seguindo. Pra onde? Não sei...
Apenas sei que vou e que vou tentando ser. Apenas ser...
Boa semana a todos vocês...
PS: Era pra ter dado um tempo aqui no blog, mas e quem disse que eu consigo? Rsrsrsrsrs
PS: O livro da foto é de poesias da Cecilia Meireles.

3 comentários:
Eu vou te contar, a ala da psiquiatria comigo e com voce? vai dar certo não hein, vai ficar lotaaaado com nosso cérebro lá! ebijo lindaaaaaaaaa
oooooooi?! como voce ta?
Eu? Bem... eu to seguindo a vida ai... rsrsrsrsrs
To bem Lud querida...
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