sábado, abril 2

Quem sabe usando meu coração de isca eu não pesco um amor? (ai que brega!)
  

    Andei lendo Quintana por esses dias Maria. É um dos meus poetas preferidos, mas acho que já te disse isso inúmeras vezes. Andei lendo e vendo coisas belas também. Precisava alimentar minha alma com essas belezas, pois não ando tendo muito carinho por aqui Maria, então eu mesmo me faço essas delicadezas. Triste isso. Não ter quem nos faça essas ternurinhas. As pessoas hoje em dia parecem que sentem aversão a essas formas de colorir a vida. Será que a existência delas é tão cinza preta ou branca que qualquer cor ofenderia a monotonia da deles? Ou será que os deixam tristes por não saber como aprecia-las?
   Mas como ia dizendo, eu andei lendo Quintana e um poema me fez lembrar certa senhorita, aliais esse poema é a cara do meu relacionamento com aquela moça. Ou seria um pseudo - relacionamento? Ela é uma dessas pessoas que tem uma vida cinza, Maria, mas não sabe disso. Ou finge que não sabe. Ela reclama um pouco das coisas, vive tentando trazer alegria para o seu dia a dia, mas acaba se sentindo tão vazia que eu, num rompante apaixonado devo confessar, resolvi tenta faze-la ver o que falta na vida dela. Falo pra ela sobre músicas e literatura, Maria. Sobre viagens e lugares bonitos. Conto-lhe histórias e anedotas. E Suaviso. E filtro. E peneiro a rudeza que nos rodeia. Até presenteei-a com um dos meus livros mais queridos, tentado dar assim um pouco da poesia da minha vida para ela. E é aqui que a história se funde com o poema porquinho-da-índia do meu querido Mario. Como ele sabiamente diria (eu imagino) “ela não fazia caso das minhas ternurinhas”...
   E o livro, Maria? O que ela fez com o livro? Eu te respondo. Não fez nada. Jogou-o num canto qualquer de uma gaveta da sua história, e ele, assim como eu, meus sentimentos e minhas ternuras estão lá acumulando poeira. Deves me achar uma tola! Eu me acho. Não sei por que insisto tanto em trazer poesia para alegrar os dias daquela moça. Ok. Eu sei. É que eu ainda (e digo ainda por que sei que não sou de ferro, muito pelo contrário, Maria) não acho que nós, ela, eu e nossas delicadezas sejamos um caso perdido. Ela tem algo que me inspira.
   Deseje-me sorte, Maria.

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